O cinema perde seu astro com aquele ar de canastrão, simpático e charme especial para interpretar papéis cômicos
Ele foi o famoso detetive particular com um humor irônico, avesso a armas ou a lutas corporais, que se safava de situações difíceis pela lábia ou com pequenos truques e com uma postura crítica em relação ao trabalho policial
James Garner foi um sujeito que
abandonou a escola aos 16 anos para se juntar à Marinha Mercante. Lá exerceu
atividades nos mais diversos postos de trabalho, recebendo dois Purple Hearts
quando foi ferido duas vezes durante a Guerra da Coréia. O Purple Heart é uma
condecoração militar dos EUA outorgada, em nome do Presidente, a todos os
integrantes da Forças Armadas que foram feridos ou mortos durante o serviço
militar.
Teve sua primeira chance de atuar,
quando um amigo arranjou-lhe um papel sem fala na peça The Caine Mutiny Court
Martial, em 1954, nos palcos da Broadway. Parte do seu trabalho era ler as
linhas para os atores principais, e assim começou a aprender a arte de atuar. O
que acabou levando-o a pequenos papéis de comerciais de TV e a um contrato com
a Warner Brothers. O diretor David Butler (1894-1979) viu algo em Garner e
deu-lhe toda a atenção que precisava, quando ele apareceu em Impulsos da
Mocidade (1956). Depois de coestrelar em um punhado de filmes entre 1956 e 1957,
o estúdio deu-lhe um papel de
coadjuvante na série western Maverick (1957). Originalmente planejado para
alternar entre Bart Maverick (Jack Kelly) e Bret Maverick (Garner), a mostra
rapidamente se transformou em o Bret Maverick Show. Como Maverick, Garner foi
legal, bem-humorado, simpático e sempre pronto para usar sua inteligência. A
série foi muito bem sucedida e Garner continuou nela em 1960, quando a deixou
devido a uma disputa por grana.
No início de 1960, ele voltou a fazer
filmes, muitas vezes interpretando o mesmo tipo de personagem que tinha feito
em Maverick. Seus sucesso incluem Tempero do Amor (1963); Eu, Ela e a Outra
(1963); o clássico de guerra Fugindo do Inferno (1963) e Não Podes Comprar Meu
Amor (1964). Depois disso, sua carreira parou, e quando voltou a aparecer no
filme sobre corridas de automóveis Grand Prix (1966), cometeu o erro de correr
profissionalmente. Logo, esta ambição transformou-se em apoio a uma equipe de
corrida, mas sem atingir o sucesso alcançado anos mais tarde por Paul Newman
(1925-2008). Garner encontraria o sucesso novamente na comédia sobre
western Uma Cidade Contra o Xerife (1969). Então, tentou repetir o sucesso com
uma sequência: Latigo, o Pistoleiro (1971), mas que não atingiu os padrões do
primeiro. Após 11 anos fora da telinha, Garner voltou a ela em um papel não
muito diferente daquele feito em Uma Cidade Contra o Xerife. O show foi Nichols
(1971), onde interpretou um xerife que iria tentar resolver todos os problemas
com sua inteligência e sem arma.
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O detetive avesso a armas. |
Em 1974, conseguiu o papel pelo qual,
provavelmente, será mais lembrado: o irônico detetive Jim Rockford no clássico
Arquivo Confidencial, de 1974. A série é sobre um ex-policial, que cumpriu
pena por cinco anos acusado de roubo de armas. Ele deixa a cadeia após conseguir o perdão e passa a trabalhar como detetive
particular. Com seu um humor irônico – papel que se dava muito bem −, avesso a
armas ou a lutas corporais, se safando de situações difíceis pela lábia ou com
pequenos truques. Seu personagem, Jim, costumava ter uma postura cínica em
relação ao trabalho policial, algo que ele conhecia bem de perto. A série foi ao ar originalmente na rede de televisão NBC, entre 13 de setembro
de 1974 e 10 de janeiro de 1980, e ainda hoje pode ser vista na TV americana,
pois é considerada um clássico cult por lá. Ela se destacava pela qualidade de
seu enredo e pelo charme e carisma de James Garner, que estrelou como Jim
Rockford, pilotando seu Pontiac Firebird. A série foi criada por Roy Huggins e
Stephen J. Cannell (Huggins é o mesmo que havia produzido a série Maverick, de
1957 a 1962, que quis experimentar a captura dos mágicos dias de um detetive
moderno em ação). O memorável tema feito pelos compositores Mike Post e Pete
Carpenter recebeu vários prêmios. Esse trabalho tornou-se o segundo grande
sucesso da televisão, que lhe rendeu um Emmy em 1977 por sua interpretação. No
entanto, Garner se viu forçado a abandonar a série por uma
combinação de lesões nas costas e nos joelhos – em parte por ter dispensado
dublês nas cenas de ação −, e pela descoberta de que a "contabilidade
criativa" da Universal Pictures, não lhe dava participação em qualquer um
dos enormes lucros gerados pelo show, o que ajudou a azedar a relação e show
terminou em 1980.
Na década de 1980, Garner apareceu em alguns filmes, como Uma Família em Pé de
Guerra (1984) e O Romance de Murphy (1985). Para esse último, ele foi nomeado
tanto para o Oscar quanto para o Globo de Ouro. Voltando ao western, ele coestrelou
com − na época ainda jovem − Bruce Willis (1955-), em Assassinato em Hollywood
(1988), de Blake Edwards (1922-2010). Uma história mítica do velho e legendário xerife Wyatt Earp, que em 1929
é chamado a Hollywood para servir de consultor técnico de um faroeste em que
seu papel será interpretado por Tom Mix. Earp e Mix tornam-se bons amigos
e acabam investigando juntos o assassinato de uma prostituta do bordel local,
onde as profissionais se parecem com estrelas de cinema. Durante a década, ele
ainda receberia elogios por seu papel no
aclamado filme de televisão Selvagens em Wall Street, de 1993, sobre a ganância
corporativa. Depois apareceu no "remake" de sua série de televisão
Maverick, ao lado de Mel Gibson (1956-).
Saiba nais sobre esse grande filme clicando abaixo, no nome do filme (IMDb):